As zonas de Kramer representam uma escala visual utilizada para avaliar a extensão da icterícia em recém-nascidos, com base na distribuição do tom amarelado na pele.
Criada pelo pediatra Howard Kramer, essa ferramenta divide o corpo em cinco regiões anatômicas, que correspondem a diferentes níveis de concentração de bilirrubina no sangue.
A icterícia neonatal ocorre devido ao acúmulo de bilirrubina, um pigmento resultante da degradação das hemácias.
A escala de Kramer organiza o corpo do recém-nascido em cinco zonas específicas:
Zona 1: cabeça e pescoço.
Zona 2: parte superior do tronco até o umbigo.
Zona 3: região inferior do tronco e coxas.
Zona 4: braços e pernas.
Zona 5: mãos e pés.
A progressão da coloração amarelada nas zonas indica níveis crescentes de bilirrubina, ajudando a identificar se a icterícia é fisiológica ou patológica, o que influencia diretamente o manejo clínico.
A icterícia neonatal é comum, mas pode indicar condições graves, como kernicterus, uma forma de encefalopatia causada pela deposição de bilirrubina no cérebro.
Identificar precocemente os níveis elevados de bilirrubina permite prevenir complicações permanentes.
A avaliação visual utilizando as zonas de Kramer é o primeiro passo no diagnóstico, permitindo uma triagem rápida e econômica, especialmente em locais com recursos limitados.
Embora útil, a escala de Kramer apresenta limitações.
A precisão pode ser afetada por fatores como a tonalidade natural da pele do recém-nascido e a iluminação do ambiente durante o exame.
Além disso, a avaliação subjetiva do profissional de saúde pode gerar discrepâncias entre os observadores.
Por isso, a escala deve ser complementada com exames laboratoriais, como a dosagem de bilirrubina sérica, para um diagnóstico mais confiável.
Na prática clínica, as zonas de Kramer são frequentemente utilizadas por profissionais da saúde durante a triagem neonatal.
Se a icterícia se limita às zonas 1 e 2, geralmente é considerada fisiológica e resolve-se espontaneamente.
No entanto, a extensão para as zonas 4 e 5 indica a necessidade de exames adicionais e, possivelmente, intervenções como fototerapia ou exsanguineotransfusão.
Dessa forma, a escala ajuda a determinar rapidamente a gravidade do quadro e a necessidade de tratamento.
Com a evolução tecnológica, métodos como a bilirrubinometria transcutânea têm complementado a escala de Kramer, aumentando a precisão na avaliação da icterícia neonatal.
No entanto, a simplicidade e acessibilidade da escala a tornam indispensável em locais com poucos recursos ou como ferramenta inicial de avaliação.
Assim, as zonas de Kramer continuam sendo uma referência essencial no cuidado neonatal em todo o mundo.